Se me quiseres conhecer,
estuda com olhos de ver
esse pedaço de pau-preto
que um desconhecido irmao maconde
de mãos inspiradas
talhou e trabalhou
em terras distantes lá do Norte.
Ah! Essa sou eu:
Ah! Essa sou eu:
órbitas vazias no desespero
de possuir a vida
boca rasgada em ferida de angustia,
mãos enormes, espalmadas,
erguendo-se em jeito de quem implora e ameaça,
corpo tatuado feridas visíveis e invisíveis
pelos duros chicotes da escravatura...torturada e magnífica
altiva e mística,
africa da cabeça aos pés.
Ah! Essa sou eu
Se quiseres compreender-me
Vem debruçar-te sobre a minha alma de africa,
Nos gemidos dos negros no cais
Nos batuques frenéticos do muchopes
Na rebeldia dos machanganas
Na estranha melodia se evolando
Duma canção nativa noite dentro.
E nada mais me perguntes
se é que me queres conhecer…que nao sou mais que um búzio de carne
onde a revolta d´África congelou
seu grito inchado de esperança
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