samedi 1 mars 2008

Katoucha ..."A Princesa Peule"




Katoucha Niane, encontrada morta, no rio Sena, em Paris.





o corpo encontrado quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2007, proximo da ponte Garigliano,foi oficialmente identificado como sendo de katoucha Niane, ex-top model, 47 anos, natural da Guiné Conakry, filha do historiador Djibril Tamsir Niane.

Segundo a autopsia, Katoucha morreu afogada. Privilegia-se a tese do acidente. Katoucha havia desaparecido, na noite de 31de janiero para 1 de fevereiro. Deixa três filhos de 29, 22 e 9 anos.






Katoucha, “a princesa peule”, como a chamavam, foi, nos anos oitenta, um dos primeiros manequins negros a desfilar regularmente em Paris. Egéria de Yves Saint Laurent, desfilou tambem para Thiery Mugler, Azzedine Alaïa, Paco Rabanne , Christian Lacroix entre outros.






Em 1994, cria a sua propria marca. Em 2000 Katoucha ocupa-se de “Ebène Top Model” - evento anual destinado a lançar manequins africanos.



Em Setembro de 2007, publica o livro “dans ma chair, onde ela diz, ter sido excisada aos 9 anos. Violada, no Mali, por um tio aos 12 anos. silêncio. Aos 17 anos, engravida, obrigam-na a casar-se. Apos ter dado à luz, uma menina, Katoucha foge para Paris, onde debuta a sua carreira de manequim.






“dans ma chair” quebra alguns tabus, no seio das familias das elites africanas, o choque entre a tradiçao e a educaçao intelectual, é posto a nu. Entretanto, Katoucha, jamais criticou sua mãe. Bem ao contrario, ela diz que sua mãe não teve alternativa. Preferiu, assim, leva-la à casa de uma tia, médica, para ser excisada. Caso contrario, suas tias mais velhas, ou as avos, poderiam tê-la raptado, e excisado em condiçoes mais dificeis, sem o minimo de higiene.

"Este livro surgiu, quando eu pude, finalmente, encontrar alguém, a quem falar. Nos nao falavamos no seio da familia, nem tão pouco com as amigas. Eu nunca conversei com a minha mãe sobre este assunto. Não se fala. Espero que a minha mãe leia o meu livro e que possamos, enfim, conversar. Nao quero que ela se desculpe, a minha intençao ao escrever este livro, nao foi essa. Alias, a minha filha foi criada pela minha mãe, e nao foi excisada. Viviam no Senegal, um meio, mais aberto, as condiçoes eram diferentes. A pratica de excisão é mais no norte. Nao quero que a minha mãe se desculpe...
... é o companheiro que nos faz sentir mulheres, ou não, eu demorei anos, mas encontrei-o... é preciso falar, é preciso dar a palavra às pessoas e nunca impedi-las de falar
." Diz Katoucha, no video acima. Se percebe francês veja-o, vale a pena.

div>


Enfim, "dans ma chair", é mais, um meio, de luta contra a excisão. Katoucha, criou a associaçao KPLCE ( Katoucha pour la lutte contre l’excision), percorreu, desta feita, varias vilas no Senegal, afim de combater tal tradiçao. Veja-a no video acima. Inicialmente a sua acçao nao foi compreendida. Mas com determinação e perspicacia, Katoucha, foi quebrando o silêncio, e, mudando mentalidades. Este foi seu derradeiro combate.

_____

leia mais aqui e aqui, em francês

se necessario utilize o tradutor aqui

3 commentaires:

KImdaMagna a dit…

Uma posição equidistante dos dogmas , dos reflexos condicionados das barbarizantes condutas em invólucros de seres civilizados.
Tou com a coragem e crítica destes estigmas e não posso deixar de saudar a amostragem, a lembrança das situações que acontecem com as demasiado existentes Katouchas.
A vida madrasta revelando que a violência ignorante e até de mãe ou pai para filho é um monstro bem real.
É preciso mesmo insistir sempre nestes alertas.

Xaxuaxo

Aguiar a dit…

Ola, que agradavel surpresa. Gosto de o ver por aqui.

é. é de facto um problema grave. infelizmente, nao se pode mudar as praticas tradicionais por decreto, infelizmente.

A tradiçao. o silencio. o silencio da tradiçao. a tradiçao altaneira,no silencio da educaçao. a educaçao que se silencia face à tradição. impotencia, no agir, no ser, no pensar... enfim. silêncio.

...assim, a mudança, a acontecer tera que ser a partir dessas sociedades mesmo, que instituiram,tais praticas, é o caso, aqui, da excisao, por exemplo.

O que, particularmente, gostava e gosto em Katoucha é a maneira elegante, que ela levou esse combate, sem recorrer, a clichés agressivos. sua luta continuara. espero. no Senegal em particular ela conseguiu algumas mudanças. é preciso falar, dialogar...

Pois, é preciso nao esquecer que estima-se, ainda, em 2 milhoes o numero de meninas as quais "a lamina assasina dilacera na carne o seu espirito" Isto é mais de 5 000 por dia!e,e das quais cerca de 30 000 vivem em França.

é. tem razao caro kimdamagna,"É preciso mesmo insistir sempre nestes alertas"...

Bem haja

Aguiar a dit…

Caro Kimdamagna
a esta hora ja atravessei meia cidade, portanto, ja acordei,pelo caminho lembrei-me que o testemunho de Katoucha passa também pela violaçao sexual, e esta, pelo menos, tanto qto ela diz, nao tem nada a ver com a tradiçao...
...vamos insistindo nos alertas.

Tenha um exelente dia.