Penso que a tomada de posição do governo moçambicano, (tal como caiu de paraquedas) é, digamos, o reflexo daquilo que são as relaçoes sul/sul e norte/sul, "politicas avulso", tipo "tapa furos". Pois duvido que haja uma verdadeira estratégia por traz desta acção.
Entretanto, penso que , seria importante saber, o que ira mudar a partir da tomada de posição de Eduardo Koloma. O que mudara no Zimbabué? O que mudara em Moçambique? O que mudara nas relações entre a UA e a UE? o que mudara no interior da propria UA?
Dei uma voltinha, pela blogosfera, e pude constatar que, de facto as pessoas, estão, grosso modo, a reagir, apenas, como seres humanos desiludidos! Varias são as razões, eu propria nao fuji à regra, alias constata-se aqui.
Creio, em consequência, que, não é à “resistência à chantagem” que os cidadãos têm estado a reagir, mas, sim, à atitude passiva do Governo de Moçambique, face ao sofrimento dos cidadaos no Zimbabué. A indiferença do governo face ao que as pessoas designam de corrupção, de injustiças, de exclusão social, de violencia moral e fisica... as pessoas nao olham para a “resistência à chantagem” como o primordio de uma mudança, mas sim como uma concertação entre os dois governos, que se tornam tacitamente cumplices. Uma concertação entre as elites no poder. Os cidadãos estao a dar um cartão vermelho aos seus governantes. Nao hà confiança.
Sera que o cidadão moçambicano tem, estado, no dia à dia, orgulhoso do seu governo? Em caso afirmativo, quem são as pessoas que se sentem neste momento orgulhosas da acção do governo moçambicano? Seria interssante ver quem são os “a favor” e os “ contra” e ainda os que são “indiferentes” à tomada de posição de Eduardo Koloma. Por outro lado, quem gosta de ser oprimido e humilhado? Portanto é natural que a analise se bipolarize ( exemplo: Langa vs Mabunda) longe do factor “resistencia à chantagem”.
As pessoas estão a projetar nesta tomada de decisões do governo moçambicano, as suas angústias (problemas do dia a dia, problemas economicos, racismo, etc, etc). Por isto, penso, que a observação empírica permitir-nos-ia fazer uma tipologia dos actores, os que são “a favor”, os que são “contra” e, evidentemente, os que são “indiferentes”. Observariamos que, penso eu, as representações sociais seriam mais ou menos convergentes e divergentes , segundo o estatuto e o papel dos actores. Assim, encontrariamos influencias de representações sociais do passado, do presente, e da projecção de um futuro ancorado no passado, espelho do presente, das sociedades e/ou das instituições que pretendemos mudar.
Enfim, breve, o que està em causa, nao é a tomada de posiçao do governo moçambicano, mas a imagem que o cidadão, tem nomedamente, do governo moçambicano e do governo zimbabweano. É a representação em torno da acçao dos dois governos que impede, em minha opiniao, que as pessoas olhem para a atitude do governo moçambicano, materializado na pessoa de Koloma como um acto de “resistencia à chantagem”, isto é, como os primordios de mudança nas relaçoes entre UA-UE, como ponto de viragem nas relaçoes norte/sul, como ponto de viragem nas dinâmicas de mudança, nas relaçoes de cooperação, sul/sul e norte/sul.
A “resistência à chantagem” vista como ponto de ruptura, das relaçoes sociais, no interior dos varios sistemas, que dão corpo à tomada de posiçao do governo moçambicano, seguida de restruturação e hipotetica reorganização, mesmo, no limite, cristalização de novos processos de relações sociais, na interface desses mesmos sistemas, é um facto. Assim, olhando para a “resistencia à chantagem”, nao é Mugabe, nao é Tony Blair, nao é Gordon Brown, nem mesmo Eduardo Koloma que estao no centro das atençoes, mas a construção de um novo espaço social saído do conflito em torno da resistencia às reformas. Ao colocar “ a resistencia à chantagem” no centro da minha analise, esta, permitir-me-à, de esquiçar, a complexidade do fenomeno Mugabe, na Africa Austral em particular...
....é esta, aqui, e, agora, a minha opiniao.
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Este, foi , grosso modo, o comentario que havia colocado aqui
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